Em maio, o Vaticano será palco de um dos eventos mais importantes da Igreja Católica: o conclave que elegerá o novo papa. Cerca de 135 cardeais eleitores se reunirão na Capela Sistina para escolher o sucessor de Francisco — e entre eles, sete são brasileiros.
Embora qualquer homem católico possa ser eleito, desde 1379 a escolha tem recaído sobre cardeais. Entre os brasileiros que participarão da votação, o nome com mais destaque é o de Dom Sérgio da Rocha, atual arcebispo de Salvador (BA).
Dom Sérgio: nome forte entre os brasileiros
De acordo com vaticanistas ouvidos pela CNN, apesar de as chances de um brasileiro ser eleito papa serem pequenas, Dom Sérgio da Rocha é quem tem mais potencial. “Se fosse colocar um brasileiro [na lista de cotados], seria ele”, afirmou uma fonte ouvida sob condição de anonimato.
Natural de Dobrada (SP), Dom Sérgio foi ordenado padre em 1984 e proclamado cardeal pelo próprio papa Francisco em novembro de 2016. Em 2023, ele se tornou o primeiro brasileiro a integrar o Conselho de Cardeais — o chamado “C9”, grupo responsável por auxiliar o papa na administração da Igreja e na reforma da Cúria Romana.
Segundo o professor Jorge Claudio Ribeiro, da PUC-SP, “Dom Sérgio é importante porque circula pela área internacional. Ele tem atuação grande junto aos fóruns do Vaticano”.
Outro nome em ascensão: Jaime Spengler
Outro cardeal brasileiro citado pelos especialistas é Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre. Embora menos cotado, o jornalista Christopher Lamb, correspondente da CNN Internacional no Vaticano, apontou que Spengler pode crescer nas próximas semanas.
Lamb destacou a liderança do cardeal, que atualmente preside a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). Nascido em Gaspar (SC), Dom Jaime foi nomeado cardeal em dezembro de 2024 e participará do conclave pela primeira vez.
E os outros brasileiros?
Os demais cardeais brasileiros eleitores são: João Braz de Aviz, Odilo Scherer, Orani João Tempesta, Leonardo Ulrich Steiner e Paulo Cezar Costa. No entanto, segundo os vaticanistas, nenhum deles aparece entre os favoritos ao cargo de papa neste momento.
Em contraste com o conclave de 2013, quando Dom Odilo Scherer chegou a ser citado como possível sucessor de Bento XVI, desta vez os brasileiros não figuram nas principais projeções.
Por que as chances de um brasileiro são menores?
O sociólogo Francisco Borba, da PUC-SP, explica que a escolha de um novo papa latino-americano logo após Francisco, que é argentino, seria improvável. “Seria uma surpresa do Espírito Santo dois papas sul-americanos em sequência”, comentou.
A visão é compartilhada por nomes como o teólogo Frei Betto, que afirmou à CNN: “Depois de um papa argentino, não vejo nenhuma chance de um brasileiro no conclave”. Ele acredita que os italianos devem despontar como favoritos na sucessão.
Já o professor de Teologia da PUC-SP, Reuberson Ferreira, destaca que o fato de um cardeal não ser considerado favorito não exclui suas chances reais. “Todo cardeal pode ser eleito papa, inclusive os brasileiros”, afirmou.
As congregações gerais, encontros preparatórios entre os cardeais antes do conclave, ajudarão a definir o perfil do próximo pontífice. O primeiro encontro aconteceu na terça-feira (22), e até o início de maio, muita coisa ainda pode mudar.
